segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Cap'1 - Duas semanas sem a Geri? Vou pirar!

"Tédio, é o que caracteriza minhas últimas semanas. Simplesmente nao fiz nada. Achei uma caixa de M&M's no armário hoje, bem escondida atrás do pote de café que fica atrás do pote de açúcar. Quem escondeu lá (provavelmente Geri) não sabe que quando uma pessoa não tem nada pra fazer, sozinha e casa, é inevitável que ela sinta vontade de fazer café (mesmo sendo completamente leiga no assunto). No fim da tarde, já nem agüentava ouvir a palavra chocolate e a coitada da dona da caixa ainda vai chegar com muita vontade de devorá-la que guardou tão mal no armário. Antes fossem light. Agora a culpa é de ter comido chocolates de outra pessoa e ter engordado três quilos com isso. Pra minha consciência não ficar tão pesada devolvi a caixa pro armário (vazia, é claro) e fingi que não como chocolates desde a páscoa de 99 (que foi o último ano que minha mãe me deu ovos de páscoa). Geri ia chegar ás quatro, mas como esses vôos sempre atrasam alguns minutos ela chegou às seis, com 3 toneladas de malas que ficaram abarrotando a entrada do apartamento - o que poderia assustar o meu novo pretendente que chegaria a qualquer momento. Tá certo, eu não tenho nenhum novo pretendente. Aliás, desde quando Giorgio e eu terminamos não sei o que é um namorado. E isso faz muito tempo! Ok. Só se passaram três semanas, mas foram como séculos pra mim. Passei noites sem dormir, tentando pensar em um jeito de conseguir dinheiro para ir até a Itália e declarar o meu amor de vez. Mas foi em vão, já que quatro dias depois, a secretária eletrônica me avisava da inesperada e repentina paixão que ele arrumou nas montanhas da Scicilia (sim, ele teve coragem de ligar para dizer "não venha atrás de mim, já estou com outra"). Mas também, não iria me declarar mesmo! Nem gostava dele de verdade. Ele era um idiota que sempre usava uma touca preta que ficava linda nele, combinando com os olhos verdes e com o cabelo liso. O que é isso? Estou gastando meu tempo de novo pensando no babaca italiano? Pare agora, Rebecca Dickens!

Enfim, todas as malas tinham desocupado a sala, sendo despejadas na cama da Geri. Eram milhões de blusas e sapatos que pareciam se reproduzir pelo quarto. Geri ganhou um concurso de modelos que deu à ela dez mil dólares para gastar em compras em Nova York. Santo Divino, como uma menina de apenas vinte anos pode ser tão linda, tão rica, tão sortuda e tão bem de namorado (porque convenhamos, James é um xuxu)? E eu aqui mais uma vez pensando naquele ragazzo de olhos verdes? A vida é injusta! Eu quero a minha mãe!

Depois de experimentar todos os sapatos (12 vezes cada um), todos os vestidos (23 vezes cada um) e todas as outras coisas que ela trouxe (147 vezes cada coisa), resolvemos ír ao café Royale. Afinal, não é todo dia que seu dinheiro acaba e você tem uma amiga rica que chega de uma viagem à Nova York com vontade de tomar capuccino gelado que paga pra você também. Sim, meus caros, receio que é todo dia. Mas era uma ocasião diferente, convenhamos. (PS:eu não aceito todo dia, só quando eu estou com fome). É um programa interessante, ainda mais que eu volto pra casa com uma lista de uns 30 conhecidos novos, todos amigos da Geri que com certeza a conhecia das festas que os pais dela sempre fazem nos jardins da casa de inverno, mas que às vezes ela nem sabe o nome. Ter alguém como Geri Phillips como melhor amiga e companheira de apartamento é uma experiência marcante. Pra falar a verdade, nem sei porquê ela divide apartamento comigo, aqui, em Brighton quando ela poderia estar morando com todo luxo e mordomias na Crandon Boulevard, ou em Manchester, ou até mesmo em Paris. Mas ela me prefere, a ter dezenas de empregados que fazem tudo que ela pede. Invejem-me, meus caros, Geri Phillips me ama.

Voltamos para casa quase onze horas, exaustas. Ela pela viagem (realmente, viajar de primeira classe é desgastante), eu por comer muito chocolate e por ver muitos clipes da Girls Aloud. Dormimos como anjos, e logo de manhã, Richard já estava lá em casa, é claro, babando nos sapatos de Geri (porque gays amam sapatos rosa? Porque não azuis? Rosa é mais feminino? Eu prefiro o azul e nem por isso sou menos feminina. Ou sou? Ai, que dúvida!). Richard não se contentou em só olhar e tentou calçar dois pares. Mas, por ironia do destino, Richard calça 39 e Geri 37 (e por uma ironia maior ainda eu calço 37. Vou usar sapatos de Geri Phillips, pasmem!). Richard fica irritadíssimo quando eu jogo na cara dele que as roupas da Geri servem perfeitamente em mim e nem passam pelo pescoço dele. Mas, roupas de uma modelo só podem servir em outra de mesmo porte, no caso eu. Ok, estou exagerando um pouco. Quer dizer, muito. Alguns vestidos da Geri servem em mim, e outras blusinhas e calças. E os sapatos, é claro. Só isso. Mas umas roupas não servem por muito pouco. A diferença é quase imperceptível. Ela é 18 centímetros mais alta. Só. Quase ninguém comenta: "Olha! A Geri tem um chaveirinho", ou "Lá vem a cumpridona e a curtinha" ou ainda "Rebecca tem que subir no banquinho pra falar com a amiga", e nem comentam isso desde a sétima série.

Com todo o dinheiro que a Geri tem, bem que ela poderia criar uma revista só pra mim, um canal de TV, ou coisa assim. Mas ela fala que só não me paga nada porque eu tenho que aprender a me virar sozinha. Eu acho isso egoísmo, sabe? Eu sempre fui a melhor amiga dela e inclusive nos momentos mais tristes eu não a desapontei. Por exemplo, quando ela se mudou pra Bolton porque o pai iria ganhar milhões a mais com a sede da empresa lá. Ela ficou muito triste, mesmo ganhando mais e mais dinheiro. Quem a consolava? Rebecca! Ou até mesmo quando o Rick Martin a convidou pra fazer parte de um clipe, e ela ficou muito nervosa. Mas tudo correu muito bem, porque eu estava lá, no cantinho atrás das câmeras, admirando o Martin e o jeito que ele rebolava. É impressão minha ou estou obcecada por homens? Rick Martin devia ter uns 50 anos naquela época e eu tinha só 15! Você tinha menos Rebecca, bem menos. É eu tinha 11, e ele uns 30, mas rebolava muito bem! Ok, fim.

Animadamente, comecei uma busca na internet por qualquer oferta de emprego em Brighton (não posso ficar gastando o pouco dinheiro que me resta com transporte). Achei alguns interessantes com salário superhipermega alto. Um ficava a quatro quadras da minha casa, o outro a sete. O primeiro me parecia melhor. Assistente do chefe de pesquisa no Nasa Players para quem tinha diploma da aeronáutica. Descartado. O outro era em um restaurante chiquérrimo, o ForeingPlace, mas o emprego exigia o conhecimento em massas italianas. Eu ia me lembrar muito daquele italiano que me arrancava suspiros diários. Mais uma vez, obcecada. Preciso de um homem. Agora! Meu Deus, tenho vergonha das coisas que eu falo. Sou patética! Ok, continuando. Entre os que eu podia trabalhar estavam gari, baby-sitter, empacotadeira de ovos (não daria certo), e camareira do hotel Meyer. Ser camareira do Meyer pode ser glamuroso, em meio de roupas sujas de pop-stars, rock-stars, top-models e outras profissões chiques separadas por hífen. Mas mesmo assim resolvi tentar a sorte em um emprego diferente. O de baby-sitter me pareceu um bom exercício da minha pouca-quase-nenhuma paciência com crianças. Mas não conseguiria passar um minuto com os filhos de alguém, sendo que nem com meu irmão mais novo, eu conseguia brincar! Becca sem emprego, sem namorado, sem nada. Péssimo!"

Um comentário:

  1. Você é boa com isso de escrever ficcções. Gostei. Pelo menos desse primeiro capítulo sim! Se eu alcançar meu objetivo de virar esposa do filho do dono da ABRIL, eu publico a sua história (pelo menos o primeiro capítulo sim!). :D

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