quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cap'4 - E tudo se resume a uma noite só

Como se não bastasse Richard me enchendo a paciência com todos os rituais dele para dar sorte, meu sapato estava me machucando, eu não me lembrava de todas as receitas e minha maquiagem borrava a cada grito que Geri dava procurando suas coisas. Na quinta-feira eu, definitivamente, não tinha acordado fatal. Justamente no dia em que eu mais precisava! Meu primeiro dia de bartender. Eu já previa tudo. O loirinho ia me dar o bolo, Brian ia me mandar embora antes de me contratar e ainda por cima ia ter que esperar o fim da festa no carro, dormindo. Era tudo que eu não precisava naquele dia.

Depois de arrumarmos tudo, minha maquiagem saiu bonitinha, meu sapato já não me incomodava, fomos todos juntos pra boate do Brian. Eu nem conhecia o lugar, que era um pouco longe de nossa casa, e se chamava Frozzen. Chegamos relativamente cedo, pra poder não dar furo justamente no dia do meu teste. Quando saímos do carro um homem lindo, do tipo James veio ao nosso encontro como se fôssemos convidados VIP da festa. Nem precisa dizer que era o Brian não é? Sim, ele era tão lindo quanto James, só não parecia tão ogro. Se apresentou e foi logo me levando ao bar, pra tomar um drink. OK, não era pra tomar um drink. Era pra eu conhecer Melissa, a bar tender que ia me ajudar no teste. A mulher tinha quase o estoque inteiro de jóias da minha mãe pregado na cara. Tinha piercings em todos os lugares possíveis. Nariz, boca, sobrancelha e em outras partes que eu não ia querer ver, mesmo. Mas tinha um sorriso simpático e parecia ser bem paciente. Brian nos deixou sozinhas, e Melissa foi me apresentar às garrafas e dependências do bar. Era tudo tão lindo! Tinha bebidas de todas as cores, copos de todas as formas e muito gelo por toda parte. Aquilo parecia um lugar perfeito para ficar bêbado, digo, para trabalhar. Eu coloquei na minha cabeça naquela hora que eu teria que passar no teste de qualquer jeito. E que eu nao poderia quebrar nada, de jeito nenhum (o que iria ser extremamente difícil).

O DJ já estava aquecendo nossos ouvidos (pra não dizer, estourando nossos tímpanos), quando Brian voltou da área VIP, onde estavam todos os meus amigos que com certeza iria se divertir naquela noite, dizendo que queria experimentar alguma coisa que saísse rápido, tipo, em segundos. Eu surtei é claro! Imaginem o dono da boate mais bem freqüentada de Londres (informação ilustrativa, porque nem eu sabia que ela existia), um homem forte, moreno, bem arrumado, sentado na sua frente te pedindo um drink rápido mas que o agradasse, e isso tudo valendo um emprego ótimo que você começou a desejar desde que pôs os pés naquele lugar dominado por luzes roxas. Finji não estar pensando muito e tratei de fazer um drink simples com Cointreau, refrigerante de laranja e amoras. Eu sabia que ia ficar um caos, mas foi a primeira coisa rápida que me veio à cabeça. Caprichei na decoração e o drink estava nas mãos de Brian em alguns minutos. Após terminar o serviço, Melissa estava parada do meu lado, junto com os outros dois caras do bar, com a boca aberta parecendo que tinha acabado de ver um espetáculo no circo. Mas era só o drink mais rápido que eu sabia fazer. Me concentrei em analisar cada movimento do rosto do Brian, porque, vocês sabem, a gente nota na expressão da pessoa se ela gostou ou não, sem mesmo falar alguma coisa. Depois de beber um gole, Brian olhou pra mim com uma cara do tipo 'que gororoba, saia daqui agora'. Eu estava prevendo a cena. Ele ia cuspir tudo em cima de mim e jogar a taça no chão e ia correndo para o banheiro lavar a boca. Rebecca, você é uma idiota, deveria ter feito um drink clássico, não importa se ia demorar ou não! Mas ele não me deu tempo pra pensar! Eu estava totalmente sob pressão! Por favor, me dê outra chance!

- UAU! - foi o que ele disse. Simplesmente isso.
- Gostou? - perguntei me preparando pra receber um não maior do que o London Eye.
- O drink mais forte que já bebi, e só senti o gosto de amora! Magnífico, você já pode começar a trabalhar aqui agora mesmo!

O quê? Brian Crouch gostou do meu mix de licor de laranja com refrigerante de laranja e amoras? Eu tinha um emprego? Aquilo era um sonho? As luzes roxas estavam se tornando cada vez mais ofuscantes e eu não conseguia enxergar muito. Estava prestes a desmaiar. Ok, isso foi exagero. Mas que eu dei aquele meu sorriso enorme de 360 graus, isso eu fiz. Quase pulei no pescoço dele, mas fui interrompida pelo barulho da multidão que estava se espremendo pra entrar na mínima porta da boate. Sim, o meu verdadeiro teste estava por vir, e eu estava tranqüila, até que Melissa fez um comentário que me colocou totalmente descontrolada.

- Se prepara, hoje a boate costuma a lotar, você tem que ser perfeita, se não a crítica te põe no olho da rua!
- Ãnh? Ah, ok, obrigada!

Depois de alguns minutos já estavam abarrotando o balcão, modelos e músicos, atrizes e fotógrafos, gente insignificante e extravagante, pedindo ferozmente bebidas e mais bebidas. Nem eu, nem Melissa, nem os outros dois bar tenders (já disse que se chamavam Lucas e Logan?) conseguíamos atender todas aquelas pessoas. Era uma confusão que me botava tonta, mas era uma confusão interessante. Eu estava trabalhando no meio dela, e, melhor ainda, trabalhando pra gente bonita.

Depois de muito desespero, o bar ficou menos cheio, o que me proporcionava um descanso, mesmo que de alguns minutos. Geri chegou ao balcão pela primeira vez na noite, e com uma notícia péssima. Ok, era uma notícia neutra, já que não me interessava. Tá bom, eu confesso, fiquei nervosa com a notícia. Mas logo apaguei meu fogo, porque lembrei que a notícia realmente não me afetaria em nada. Ok, Alan Jones estava na boate. Sim, ele mesmo, o meu Alan Jones! Eu não podia acreditar! Mas logo depois do meu ataque por causa do lindo do Alan Jones, me lembrei do Johnny. É, o loirinho da loja do shopping. Ele ainda não tinha aparecido o que me fez pensar que tinha me dado bolo. E lá estava eu, querendo ver meu Alan Jones, mesmo sabendo que ele não iria lembrar de mim, uma desprezada por um vendedor de roupas cansada de fazer drinks e não poder bebê-los, vendo minha amiga se divertir no meio de tanta gente bonita. Nada é perfeito não é mesmo? Nada, muito menos a minha vida.

Eu já estava me acostumando com o ritmo da boate quando Melissa veio me falar uma coisa que mudaria minha noite. Eu iria trocar de lugar com o Josh, um dos barman da área VIP. Sim, porque área VIP, onde ficavam os mais VIPs do lugar, tinha bar específico. Fiquei super tranqüila com a notícia. Claro que estou mentindo, praticamente surtei quando ouvi a notícia. Tentei negociar meu salário com Melissa mas ela não aceitou ir no meu lugar, então, tive que ir mesmo. E lá estava eu, no bar da área VIP onde eu já tinha visto o cara do Keane, uns jogadores de futebol, o apresentador do Top Of The Pops e o James do antigo Busted. É, isso me deixou bem mais nervosa, mas tentei não me lembrar dessas coisas supérfluas até que me toquei que Alan Jones estaria lá também! Foi quando eu decidi desistir, mas era tarde. Já estava começando a fazer um drink pra loirinha daquele seriado que passa sábado à tarde e que eu não lembro o nome. Aquele lugar parecia realmente um seriado. Todo mundo ali parecia ter acabado de sair da televisão e eu, apenas fazendo os drinks que meu passado me ensinou.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Cap'3 - De volta à realidade (pt. 3)

No dia em que se acorda fatal, tudo dá certo.

Quem fala isso é o Richard, claro. Típica frase dele que serve pra qualquer um que por algum motivo, queria ficar mais cinco minutinhos na cama. Ele diz que quando a gente acorda fatal, nunca mais podemos dormir porque se não... Não fica mais fatal. Isso era um discurso vago e inventado por uma diva com vontade de fazer compras de madrugada. Com muito custo e um leve empurrão dele (que poderia ter derrubado o muro de Berlim), me aprontei e nem me olhei no espelho, já que tinha um personal stylist no meu quarto. Saímos de casa e andamos no shopping até ele encontrar uma camiseta onde se via escrito, claro, em rosa: I'm addicted do JW. Estávamos numa loja chamada JephiWallet. As iniciais vinham daí. Mas a paixão falou mais alto no coração e na cabeça da diva que leu "Sou viciado em JUDY WILSON". Não quis discutir, já que ele estava apaixonado pelo tal do cabeleireiro. Ter um amigo gay e uma amiga modelo é difícil para uma jornalista. Tem que ter um lado psiquiatra também. Richard resolveu experimentar a camiseta e eu arranjei um banquinho na loja para me sentar. Ia dormir ali, se não fosse pela música ensurdecedora que tocava dentro da loja. Tentei prestar atenção em alguma coisa pra não cair no sono. Depois de muita soneira, percebi que um dos vendedores vinha em minha direção. Wow! Ele era simplesmente magnífico! De uniforme que era uma calça preta e uma blusa branca. E eu provavelmente com uma roupa qualquer, uma cara de sono e quase dormindo no meio da loja. Dei um jeito de acordar e ele logo veio me cantando. Ok, ele não veio me cantando.

- Oi posso ajudar? - claro! Eu vou querer ver o preço de, vamos ver, você!
- Oi, não obrigada, eu estou esperando um amigo meu. - falei meio sem graça, ficando vermelha como sempre. Porque eu fico vermelha de ás vezes nem tenho vergonha? Mas, nesse caso eu tava com vergonha, afinal eu tinha acabado de acordar, e nem me olhei no espelho!
- Ok, mas precisando de mim é só ligar. - típico discurso de vendedor né, se precisar é só ligar! Ligar? Ligar pra onde?
- Ãn?

Ele sorriu e saiu para atender outra cliente. Eu fiquei encarando ele um bom tempo, até ele colocar a mulher pra dentro do provador e olhar pra mim de novo com aquele sorriso. Sabe? Aquele sorriso do tipo "to te paquerando, sua sonsa". E a sonsa com cara de tacho à uns 15 minutos. É, eu estava realmente fatal! Meu suicídio social ia ser fatal, eu ia ficar solteira pra sempre! Ele acabou de atender a moça e logo veio em minha direção de novo. Richard a essa hora estava engatado num papo provavelmente sobre o Judy Wilson com o outro vendedor, aparentemente diva como ele. O loirinho veio chegando perto e me encontrou com um sorriso menos retardado como o que eu estava anteriormente.

- Me desculpa, eu disse pra você ligar mas não te dei meu telefone!

O quê? eu estava ganhando um loiro lindo fácil assim? Que manhã maravilhosa! Será que ele ia fazer alguma brincadeira? Dar o telefone do amigo mais feio e mais encalhado dele? Agora eu tava com a cara de retardada de novo, e ele com o sorriso lindo de novo, enquanto escrevia o número num papel. - Toma. - ele estendeu o papel com o nome Johnny e um número de celular.

- Ah, claro. Meu nome é Rebecca, se você quiser saber - ele riu e ficou mais lindo, se isso é possível.
- Porque você não me dá seu telefone Rebecca? Assim posso ligar pra você, pra combinarmos de sair pra tomar um café, você gosta?
- Claro! É 765-873-879. - eu estava com cara de boba diante dele. Ele mal sabia meu nome e já estava querendo meu telefone pra sair e tomar um café. Aquilo só podia ser brincadeira. Ele ia me seqüestrar, é claro. E ia cortar meus dedos e mandar pro Richard em saquinhos cor-de-rosa. Meu Zeus, Rebecca, pára com esses pensamentos idiotas!
- Então, tenho que trabalhar! Te ligo mais tarde pode ser?
- Pode ser sim. - eu estava menos boba mais ainda mantinha o sorriso, afinal se eu fosse simpática talvez ele não cortaria meus dedos.

Richard enfim comprou tudo que queria, e saímos da loja. Contei sobre o Johnny pra ele que disse que havia percebido o interesse do loirinho por mim logo quando entramos na loja e eu sonsa estava cochilando no banquinho. Me pergunto: o quê esse cara viu em mim? Uma garota com cara de sono, cabelo bagunçado, roupa que não combinava com o sapato e um amigo gay comprando tudo rosa. Passei em frente a uma vitrine e finalmente me olhei. Fiquei absurdamente encantada com meu reflexo. Modéstia parte eu estava realmente fatal. Meus sapatos combinavam com minha roupa, meu cabelo, apesar de bagunçado, estava impecavelmente belo, minha cara parecia a da Geri quando ela saiu na Vogue (ok, menos linda, bem menos) e eu estava com o sorriso mais feliz do mundo. Eu estava linda! E estava me achando assim. Eu estava f-a-t-a-l! E naquele dia, tudo ia dar certo! E já tinha começado a dar certo! Primeiro, o vendedor lindo. Depois, a fila do BurguerKing estava mínima à minha frente (e imensa atrás de mim), todas as roupas bonitas, baratas e que o Richard não criticou serviram pra mim e, por fim, vimos o Orlando Bloom numa loja. Ok, o Orlando Bloom foi a melhor parte do dia! Meu Zeus, que homem é aquele? Ai.. como é bom morar em Londres!

Já era mais de meio dia quando Richard resolveu parar de contar fofocas sobre Britney Spears, Amy Winehouse e outras milhares de famosas que eram notícia no dia, e almoçamos tranquilamente no Cardeal. Estava tudo correndo normalmente (exceto o fato de Rebecca Dickens estar perfeitamente simples e maravilhosa, com roupas magníficas na bolsa de compras e com a imagem intacta de um Orlando Bloom dando uma olhada nas bermudas caqui da parte de trás daquela loja na cabeça. Isso tudo segundo palavras do Richard) quando meu celular tocou. Ele é um pouco escandaloso sabe? Ainda mais quando se está dentro de um restaurante onde se escuta apenas os barulhos dos garfos arranhando de leve os pratos. Quando olhei no visor estranhei porque não conhecia o número, mas logo caiu a ficha de que a algumas horas atrás eu tinha dado o meu número para o vendedor mais lindo daquele shopping. Fiquei muito nervosa antes de atender mas, por incrível que pareça, agi tranquilamente no telefone. Richard tem razão. Quando acordamos fatais, tudo dá certo!

- Alô?
- Oi, é a Rebecca?
- Sim, quem é? - fiz aquela voz desinteressada, é claro.
- Bem, não sei se vai se lembrar de mim, é o Jhonny, da JephiWallet. Nos conhecemos na loja hoje de manha e você... - é claro que o interrompi pra fazer um comentário me achando a mais má das mulheres.
- Ah, sim, me lembro! Não faz muito tempo isso não é verdade? - ai, que má!
- Er.. Me desculpe, mas como eu disse que ia ligar... err... gostaria mesmo de tomar um café com você, é claro, se for possível, e se você quiser... - interrompendo de novo, malíssima!
- Tá, vamos tomar o café. - claro que não! Eu acabei de almoçar, não quero café!
- Que ótimo, onde você está? Não posso demorar muito, estou no meu horário de almoço.. sabe como é...
- Ah, pois é. Eu tô no Cardeal, se você quiser vir até aqui, por mim tudo bem.
- Claro! É bem perto daqui, estarei aí em um minuto!

É claro que Richard estava escorando na mesa pra poder ficar mais perto do celular e conseguir alguma informação sobre a ligação. Mas logo depois que desliguei, ele, não se contentando em ter ouvido tudo que o tal Johnny tinha falado no telefone, me faz a pergunta: "E aí o que ele falou?" como se não soubesse exatamente do mesmo jeito que eu, o que Johnny tinha falado. Esperamos alguns minutos e lá estava ele, na porta do restaurante, impaciente, prestes a pegar o celular e me ligar pra saber onde ou estava. Mas não foi preciso pois logo que colocou a mão no bolso, me viu saindo com Richard. Nos cumprimentou como se eu fosse Demi Moore e Richard, Ashton Kutcher. Com os olhos brilhando iguais os de Richard quando vimos Orlando Bloom. Fomos caminhando até o café onde ele queria me levar, e Richard foi atrás. Chegando lá tive que dar uma diretíssima na minha diva do tipo: 'Richard, sai daqui? Obrigada'. E ele ainda demorou pra entender. Além de diva, é lerdo. O café era um lugar aconchegante. Haviam alguns casais em mesas diferentes e as paredes eram enfeitadas com coraçõeszinhos. Tudo muito romântico, eu hein. Quando vi que estava tudo lindo, me dei conta de que eu já havia constatado que aquilo era uma brincadeira de mal gosto. E ele ia me seqüestrar mesmo! Meu Zeus! Eu estava num café aconchegante com um Johnny lindo, vendedor de loja de roupa, prestes a morrer sufocada! Que drama Rebecca! Páre, já está passando dos limites! Ok.

Ele pediu um capuccino gelado e me deixou à vontade para pedir a mesma coisa, já que eu amava capuccino com sorvete. Ele ainda não tinha direcionado nenhuma palavra a mim. Pelo menos não diretamente. Parecia hipnotizado pelos coraçõeszinhos, ou pela música dos Hanson que tocava lá dentro. Ou quem sabe pela minha cara de idiota pensando essas coisas ao invés de puxar papo?

- Seus olhos não me deixam dizer nada - uau! Recitou um poema!
- Que isso! Não é pra tanto! Não sei o que você viu em mim, sinceramente! - se é pra ser fatal, vamos ser fatais mesmo não é?
- Bom, eu vi essa mulher linda que você é, ora.

Meu lado fatal, má, ou qualquer coisa negativa ficou esmagado debaixo do enorme sorriso idiota que eu deu sem querer depois de ouvir isso. Parecia brincadeira, mas estava acontecendo mesmo! E eu não podia estragar aquilo com o sorriso mais bobo da face da terra. Então resolvi voltar a ser fatal.

- Obrigada - pra não falar o que eu queria fiquei quieta mesmo.
- Você tem namorado Rebecca?
- Lógico que não... - ah, pronto. Que resposta desesperada é essa? 'Lógico que não'? Só faltou dizer 'você quer namorar comigo?'. Rebecca você é patética ao extremo! - ...que não vou responder antes de você.
- Eu não tenho namorada, terminei um relacionamento de dois anos à alguns meses... E então?
- Eu também terminei faz pouco tempo, mas não queremos falar disso, não é?
- Eu prefiro falar de relacionamentos futuros, a falar de relacionamentos passados. - a cara de safado que todo homem sabe fazer reinava na minha frente.

Depois de conversamos um tempinho, descobri que ele é aspirante à ator, fez umas propagandas para a JephiWallet, gosta de música clássica, e mora com o cachorro numa rua perto da - adivinhem - minha. O tempo era bem curtinho mesmo, pois ele tinha que voltar ao trabalho, e eu tinha que procurar um também. Me convidou para sair na quinta feira e eu sem pensar, aceitei claro. Mas depois de alguns segundos após o 'sim', me lembrei do teste na boate. Quinta era o único dia de folga dele, então, não hesitou em aceitar ir à boate e me ver fazendo drinks. O que me deixaria mais nervosa e mais propícia a quebrar as coisas do lugar e consequentemente não levar o emprego. Mas, pensando bem, vão ter centenas de pessoas lá e um a mais, um a menos não ia fazer diferença.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Cap'3 - De volta à realidade (pt. 2)

Minha filha, bar tender

- Nem pensar! Isso é falta de respeito! Onde já se viu uma menina que estudou pra ser uma jornalista, passar as noites embebedando as pessoas, dançando num balcão que pega fogo com quase nenhuma roupa e esguichando água nas pessoas que pedem um copo de refrigerante!
- Pai, isso é um filme.
- É, eu sei mas você vai se tornar uma daquelas garotas do filme. - Não estava reconhecendo meu próprio pai. Aquele que sempre voltava para casa contando as histórias das festas que ele ia, contando os podres das pessoas, me ensinando um drink novo.
- Mas pai, foi você que me ensinou a fazer todos os drinks que eu sei! - ops, nem todos!
- Fui eu. - ele abaixou os olhos e me deu um susto depois – Filha, estou orgulhoso!!!

Hein? Como assim? Orgulhoso? Num minuto ele quase me deserda e no outro está orgulhoso? Fiquei feliz por não ser o contrário. Acho que ele pensou nas festas que ele ia, o que não era nada parecido com Show Bar.
Na verdade havia festas que tinham como objetivo destruir uma família com todas aquelas garotas de biquíni servindo drinks e outras coisas mais. Mas, ele deve ter pensado nas outras festas em que todos saíam felizes e bêbados.
Fomos almoçar juntos num restaurante qualquer e ele começou a preparar um discurso que tinha potencial pra durar até a hora do jantar. Começou falando de como éramos felizes quando morávamos todos juntos, como tínhamos planos pra sermos uma família feliz para sempre, e depois se lembrou de como nossos planos de desfizeram. Sim, meus pais se separaram quando eu tinha nove anos por causa da minha mãe. Eu já contei que ela é escritora e vendeu muitos livros na década de 80, não é? Não? Bom, pois ela é escritora e vendeu muitos livros na década de 80. Ela continua a escrever, mas agora seus livros são sobre a vida no campo. Desde quando ela ficou grávida do Troy (Troy é meu irmão mais novo), ela resolveu escrever no campo. Mudou-se para a casa da vovó em Glastonbury, ainda grávida, e nem se preocupou em deixar o papai em Londres e a querida filha de 9 anos com ele. Depois que Troy nasceu, ela optou por nos visitar duas vezes por mês. Se tivéssemos feito planos de ficarmos juntos eu e o papai, ela e Troy teríamos alcançado o objetivo. Troy fez aniversário à alguns meses e fomos todos (eu disse todos, isso inclui Geri, Richard, James, um italiano qualquer, papai, Catherine e Anny) pra festa, e é claro, ficamos sabendo que por lá acontece um festivalzinho legal em que a gente se divertiu um pouco.Pausa para confissão: é claro que nós programamos tudo pra irmos no festival de Glastonbury que perfeitamente acontece perto do aniversário do meu irmão amado. Ninguém sabia quantos anos Troy estava fazendo, fora o meu pai e eu. Mas todos sabiam quais eram as atrações do festival. Mas, poxa, estávamos programando de ir desde que Troy ainda era um embrião! Enfim, minha mãe ainda aparece uma vez por mês, e traz Troy pra assistir futebol. Ele ama futebol, é só isso que eu sei sobre ele. E que ele tem 17 anos. Ou 16 ainda? Acho que é 17 mesmo. Ok Becca pode parar! Estou dramatizando bastante no quesito meu irmão. É claro que eu o conheço bem, somos até amigos. Quando ele nasceu eu ainda era pequena, brincava com ele como se fosse uma bonequinha. Mas, depois de anos prolongando as férias até a escola comunicar que eu ia perder meu ano letivo, voltei para Londres e segui minha vida vendo meu irmão duas a três vezes por mês.

Eu estava viajando nas lembranças da família quando percebi que meu pai havia adiantado bem o discurso e eu não estava prestando atenção. Mas nem me preocupei quando vi que ele ainda estava contando casos sobre os livros da década de 80. Resolvi interromper e fazer ele falar logo o que queria e parar com a encheção de linguiça.

- Pai, mas pra quê tudo isso? O que o senhor quer falar?
- Bom, filha, eu... - parecia que ele ia dizer "Vou morar num submarino e nunca mais vou te ver, então, adeus".
- Fala logo, anda! - eu ainda estava comendo porque parei pra pensar e deixei meu salmão esquecido no prato, logo salmão!
- Eu vou me casar de novo, é isso. - ele parecia aliviado, e eu também já que estava matando minha fome com meu prato predileto e ele não estava indo morar num submarino.
- Que legal pai! Com quem? - a pergunta foi um balde d'água nele e um tapa na minha testa. É claro que era com a Catherine, mãe da Anny, que ele era noivo desde que eu me lembre. Depois do silêncio, eu vi que dava tempo de consertar. - Quer dizer, com a Catherine, eu sei, mas quando?
- Daqui duas semanas mais ou menos. - disse bem calmo ao ver que eu não era totalmente desinteressada na vida dele.
- Que bom, vai ter festa?
- Acho que uma festa pequena, para alguns conhecidos. Mas você não ficou brava?
- Brava? Porque eu ficaria?
- Não sei Becca, ás vezes acho que estou fazendo tudo errado deixando você sozinha, e ainda fazendo você levar a Anny pros lugares que você vai.

Percebi um sentimento de culpa nas palavras dele. Parecia ter medo de viver a própria vida e me deixar viver a minha. Talvez por eu ser a filha mais velha, ou a preferida, já que Troy não teve contato com ele direito, e Anny o irritava com muita facilidade. Por um momento fiquei triste, e sentindo que eu poderia conversar mais com meu pai, que foi pra mim a única família durante os dias que eu não via a mamãe. Mas estava ficando muito triste e esquecendo meu salmão de novo, isso não está certo!

- Pai, eu te amo. Quero o melhor pra você. - ele abriu um sorriso lindo - E eu preciso de um vestido, um sapato e brincos novos pra festa. - o sorriso acabou na hora.
- Ah, mais gastos, meu Deus!

Acabamos de almoçar rindo e fomos buscar Anny na escola. Adivinhem de quem eu lembrei na hora em que eu a ouvi dizer pra amiguinha "Tchau Jessica Stone"? Alan Jones, é claro! Me contentei em não gritar a notícia pra toda a escola ouvir, e deixei pra contar só pra Anny, no carro. Ela entrou, se sentou, e logo foi dizendo "Oi irmãzinha" com o maior sorriso do mundo. O maior mesmo. Ela tem uma boca extraordinariamente grande, e quando ela força aquele maior sorriso cheio de ferrinhos colados, ele acaba virando o maior do mundo.

- Qual das suas amigas é a Jones? - perguntei já começando a me gabar por saber o nome dele
- A Sarah, por quê?
- Ela já o conheceu?
- Não, nunca, mas ela disse que a prima dela já o viu no supermercado! - Anny disse muito empolgada como se ter uma amiga cuja prima disse que viu Alan Jones no mercado, assim de longe, fosse uma grande coisa. Mal sabia ela o que ia contar pra tal de Sarah acabando com a moralzinha da prima - que psicologia infantil!).
- Bom, então fala com ela que a sua irmãzinha conheceu Alan Jones e ainda saiu no jornal com ele! - mostrei o jornal com a foto que não aparecia meu rosto, mas dava pra ver que era eu. A propósito, nem sei como esse jornal estava na minha bolsa. Já tinha até me esquecido dele. Ok, coloquei pra mostrar pra Anny mesmo, e talvez, pro Alan se por ventura eu o encontrasse. Rebecca patética!
- O QUÊ? MEU DEUS! MINHA IRMÃNZINHA NAMORADA DO ALAN JONES? - isso poderia ter saído um pouco mais baixo da boquinha dela. Mas, como de uma boca grande saem coisas grandes, meu pai não só ouviu como também resolveu opinar.
- O que é isso? Você tá namorando um músico? Porque não me contou? - ele tirou a atenção do trânsito e olhou pra mim esperando uma explicação.
- Não, foi um engano, essas coisas de fofoca. Você sabe como eles aumentam não é, pai?

Ele fingiu se conformar, mas continuou com a cara de bravo, e Anny continuou encantada com a foto procurando um jeito de provar pras amiguinhas que aquela era eu. Mas ela nunca ia conseguir, porque vocês sabem, era a foto da minha parte de trás!
Com muita pena, dei o jornal pra Anny quando saí do carro ao chegar em casa. Ela não tinha tirado o sorriso da cara o dia inteiro e com certeza aquele sorriso ia durar até alguém dizer que a namorada do Alan Jones não era a irmãzinha dela. Encontrei a casa vazia, e aproveitei pra relaxar já que a muito tempo não ficava em casa sozinha. Sempre tinha um Richard pra testar maquiagem nova, ou um James pra comer a geladeira inteira e arrotar todas as palavras que aprendeu no dia, ou então Geri ouvindo Spice Girls no volume máximo do som. Eu estava prestes a tomar um banho quente, depois deitar na cama e dormir, só isso. Não, quer dizer, eu ia comer também, é claro. Não podia dormir às sete da noite, muito menos sem comer nada. Tomei o banho, fiz um sanduíche de tudo-da-geladeira e depois fui dormir. Bom, já era nove horas e eu não tinha mais nada o que fazer. A casa ainda continuava em silêncio, como se um milagre tivesse acontecido. Apaguei todas as luzes e fui pro quarto me guiando só pela luz que vinha da rua. Antes de chegar na cama, eis que um barulho compensou todo aquele silêncio. Era Geri e James chegando com mais uns 50 amigos para uma festinha surpresa em plena terça-feira no apartamento que é metade dela e metade meu. Quem disse que eu dormi um minuto sequer? Além de me irritar com pessoas batendo na porta do meu quarto umas 798 vezes perguntando se era banheiro, eu ainda tive que colocar todo o estoque de algodão no ouvido pra poder escutar a música num volume que não estourasse meus tímpanos. Geri estranhou o meu cansaço, pois raramente eu dispenso festa ainda mais com os amigos modelos dela e do James, mas aquele dia foi realmente desgastante, com direito a passeio com o cachorro da Anny em Nothing Hill. Tudo que eu queria era dormir e só consegui tal fato às 03h45min da manhã quando o último convidado foi mandado embora. A partir daí, a noite foi tranquila e muito mais, a manhã. É claro que eu acordei às 2 da tarde, o que seria o ideal. Não, eu não acordei às 14h porque o Richard fez questão de me arrastar às 10h pra fazer compras. Meu Deus, esses meus amigos um dia me matam.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Cap'3 - De volta à realidade (pt. 1)

Como alguém não consegue ser a namorada de Alan Jones por muito tempo, na segunda-feira o episódio já não estava mais em pauta nas nossas conversas matinais que geralmente são cheias de mau-humor matinal e cereais matinais esparramados pela mesa, o que traz mais mau-humor ainda. Logo depois que Geri saiu de casa pra trabalhar (se é que posar para câmeras pode-se chamar de trabalho) eu fiquei em casa me culpando por não ter um emprego mesmo ele não sendo tão fácil como o de Geri. Então eu cansei de não fazer nada e dei um jeito de andar na rua pra procurar um. Da última vez que eu fiz isso deu certo. Comecei a trabalhar numa banca de jornais. Pelo menos eu lia as noticias antes de todo mundo! Dessa vez eu ia ter que achar alguma coisa melhor do que um emprego que me fizesse voltar pra casa com cheiro de papel velho. Andei o bairro inteiro e adivinhem? Nada.
Já era tarde e eu estava no super-mercado comprando tudo que eu queria comer já que não tinha mais nada pra fazer a não ser sentar na frente da TV e comer. Acabei achando aquela bebidinha vermelha, docinha e altamente alcoólica. Cooler de vinho. Me lembrei que aquilo ficava muito bom se misturado com vodka preta e muito gelo. E também me lembrei automaticamente das noitadas em que eu quando adolescente (não faz tanto tempo) desfrutava dos elogios de todo mundo a respeito das bebidinhas que eu fazia. Eu era praticamente uma Coyote, mas sem as roupas mínimas daquelas garotas (e sem o balcão pegando fogo, e as posições pouco pornográficas na frente dos clientes). Bons tempos aqueles, viu? "Vou levar alguns ingredientes para embebedar a Geri" pensei alto como sempre.

- Cheguei gente! - eu lutava pra conseguir abrir a porta com o imenso saco de compras no colo
- Entra aí - deu pra ouvir a Geri lá de dentro
- Tô tentando.
Depois de alguns minutos minha querida amiga resolveu abrir a porta provavelmente pelo medo de que eu pudesse ter sido raptada (ela tem essa coisa de pânico, síndrome do pânico, alguma coisa assim).
- Nossa, você não sabe abrir uma porta não é? - ela ainda reclamava! Eu tinha feito compras pensando nela e ela me atende desse jeito? Garota ingrata!
- Não me faça estressar com você Geri, tenho uma surpresa!
-Surpresa? O que é? Você ta namorando o Jones? Ele te ligou? O quê? - eu tinha passado o meu dia sem pensar nisso e é tudo o que ela tem em mente.
- Claro que não! É uma coisa muito boa você vai ver, não entre na cozinha! - eu disse, indo direto pra cozinha sem deixar ela ver o que tinha na sacola.

Coloquei tudo em cima do balcão e comecei a preparar as bebidinhas. Poderia ser uma ótima bar tender, se não fosse o meu perfeito desequilíbrio e falta de atenção quando ouço as palavras "garrafa de vidro". Mesmo assim, tentei fazer tudo sem quebrar nada, o que iria chamar a atenção da Geri. Depois de muitas misturas, acabei fazendo três tipos bem rapidinho e fui logo servindo pra ingrata da minha amiga que já estava com James na sala. Depois de um grito enorme, lembranças das festas da escola, ela finalmente experimentou.

- MEU DEUS! D-i-v-i-n-o! - bebeu tudo num gole só, sem nem saborear nada.
- Também quero! - James pegou a bebida rosa, que era feita com bala de cereja e tequila, bem doce.
- Becca, eu não me lembrava do quanto você era boa nisso!
- É claro, você nem sabia beber quando tinha 15 anos, Geri.
- AI QUE TROÇO FORTE!! - James soltava um grito estranho junto com uma cara que apesar de toda a beleza do sujeito, ficou muito feia.
- Credo James, esse é o mais fraco, amor. E ainda é docinho! - Geri dava outra golada matadora acabando com o que tinha na taça dele. - AII GENTE, o que tem nisso amiga? - agora Geri fazia uma cara de quem bebeu pinga e foi na roda gigante.
- Tequila, bala e gelo. Só. - como uma chef de boteco, suprema.
- Ui tá ótimo, desce mais um aê! - Geri aprende a falar assim por causa da intensa convivência com James, coitada.
- Acabou, mas se quiser eu faço mais.
- Eu conheço alguém que ia adorar esse seu talento, Becca. - esse foi James falando acredita? Ás vezes ele consegue conversar como um ser humano comum.
- Ah é? Quem? - perguntei, fingindo estar interessada, porque com certeza ele ia dizer "o Brian, meu amigo, ele ama garotas que bebem até cair" ou então "a Hanna, minha cachorra, ela adora lamber o resto de cerveja das garrafas".
- O Brian - eu estava certa como sempre - meu amigo - mais certa impossível! - ele estava louco atrás de uma garota para o cargo de bar tender lá na boate.

Ok. Eu estava meio certa. Eu sabia que ele falaria do Brian, o amigo inseparável. Só não sabia que ele era dono de uma boate, e nem de que precisava de uma bar tender. Fiquei realmente interessada, mas logo pensei que eu não seria capaz de trabalhar como bar tender de uma boate. Nunca! Esqueceu da minha simpatia com as palavras "garrafa de vidro"? Definitivamente, não daria certo, eu ia ser demitida na primeira noite, e ainda teria que pagar por tudo que eu quebrasse. Mas espera aí, quem disse que eu iria ser contratada? Eu sou uma leiga no assunto "drinks", mal posso distinguir o sabor das coisas. Tá certo que eu ganhei até prêmio nos tempos de colégio, mas eu fazia misturas para adolescentes de 15 anos, ninguém sabia o que era álcool. Rebecca, pára de pensar alto e volte a conversar com seus amigos!

- Ah, que isso James, nem sei fazer drinks tão bem assim!
- Não? Claro que sabe! Esses drink é muito mais bom do que lá - James voltou ao seu normal "analfabeto"
- Além disso, Becca, você está precisando de um emprego, não está? - Geri sabe botar a gente pra cima não é?
- É, mas eu não sei se é o emprego ideal pra mim gente, além do mais, meus drinks não vão agradar o Brian! - quem quer que seja esse tal de Brian.

Depois de implorarem pra eu fazer mais milhares de combinações de vodka, tequila, bala, sucos, refrigerante, e tudo que tinha na geladeira, os dois bêbados resolveram ligar pro Brian em plena segunda-feira às onze da noite. Não os impedi, é claro. Afinal, eu estava disposta a testar se realmente conseguiria um emprego com meus conhecimentos adolescentes. James falava alto com o amigo no telefone, o que deve tê-lo deixado de muito bom humor naquela hora. No meio de soluços, risos e gritos, combinaram que eu poderia fazer um teste na quinta-feira. Fui dormir rezando pra que aquela mistura toda não deixasse os dois no meio da sala onde no outro dia, meu pai iria pisar. Aliás, não contei a ninguém, mas meu pai estava vindo me visitar e era na manhã seguinte.
[continua...]

Cap'2 - E vamos ao mundo VIP! (pt. 3)

Fase do "Eu não acredito"

"Fomos embora para casa. Nós quatro. Eu e Richard fomos conversando sobre nossos rolos da noite e ele não acreditou quando ouviu que aquele Deus era Alan Jones de uma banda de rock. Ele não acreditou mesmo. Só ia conseguir provar pra ele quando chegasse em casa e ligasse a TV no Top Of The Pops. Aí ele ia ver que eu não estava mentindo. Ele contou tudo sobre tratamento capilar e piercing na língua (Judy Wilson tem piercing na língua, Ew!). Combinamos de pedir pizza e ficar conversando o resto da noite, mas, sabe como é, Geri e James de carro sozinhos pelas ruas de Londres ás três da manhã... Não sabe como é? Ah, me desculpe. Ainda tem gente inocente nesse mundo? Ou gente encalhada? Fica a seu critério!
Demoraram, mas chegaram. Estávamos todos no chão da sala, quando eu comecei a contar sobre o Alan. Geri não acreditou. Mas no sentido de "Meu Deus, isso é demais", ao contrário de Richard que foi no sentido "Não acredito, você está mentindo, idiota". Por sorte, havia uma revista velha no meio de milhares que ficam na sala onde se via uma foto do Glum e Richard, então, pôde mudar de sentido sua frase "Não acredito!", concordando com a Geri. Pena que o resultado foi: policiais acabando com a festa VIPzinha. Depois de meia dúzia de frases ditas por mim, James já estava babando no sofá (mesmo assim babando lindamente, err.. silencio!) e Geri devorando a pizza (Pausa pra uma observação: ela come mais do que eu e continua magra e linda e sem celulite, perfeita e Geri Phillips. Ok, eu me conformo) junto com Richard que só comia as bordas de queijo. Acabou que todo mundo dormiu lá em casa. Alguns ali na sala (Geri e James? Sim, dormiram. Tinham que ter um descanso né?). Outros preferiram a cama macia, o banho quente e o programa de Judy Wilson na TV (Eu pelo banho e pela cama. Richard pelo programa. Ok, eu também pelo programa). Dormimos tranquilamente, e eu estava tão exausta que nem sonhei com o meu Alan VIPzinho.
No outro dia estavam de pé logo cedo. Ás duas da tarde. Uma ótima hora pra se acordar depois de uma noite emocionante daquelas. Mas, infelizmente não foi bem assim, tão cedo. Foi um pouco mais, culpa do Jones! Fui a primeira a acordar, uma meia hora antes do povo. Eram nove da manhã quando mudei de roupa e fui até a padaria próxima à nossa casa e comprei café pra todo mundo. E cookies. E muffins. E waffles. E pãezinhos de mel com recheio de chocolate. Tá bom. Chega, não vou dizer tudo que eu comprei ok? Ah, o jornal também. Mas eu nem o abri. Só dei uma olhadinha nas reportagens de capa, mas só isso. Claro que a reportagem do dia era "Festa VIP financiada pelo tráfico". Aquelas palavras eram tão emocionantes e estavam falando sobre a festa em que nós estávamos em que eu conheci Alan Jones e ele..
"...É FLAGRADO COM NOVA NAMORADA"
Era essa a reportagem do caderno de fofocas (sim, acabei abrindo, mas a culpa é do cara dos muffins que tava demorando e então não consegui esperar) do SundayMorning (rain is falling.. Isso não te lembra a música? Ah, esquece!)
- EU NÃO ACREDITO! - gritei alto pra acordar a Geri mas acabei acordando o James e o Richard também. E provavelmente a senhora Spoon do andar de cima.

"JONES É FLAGRADO COM NOVA NAMORADA
O guitarrista Alan Jones foi flagrado com sua nova namorada com nome ainda desconhecido na festa que gerou boatos na noite passada. Antes do incidente acontecer, os dois estavam num clima de romance na festa e amigos do casal afirmam que é pra valer! Uma fonte próxima de Alan revela: "Alan está realmente curtindo a garota. Estão se dando super bem, ele está apaixonado!". Alan que tem fama de galinha, será que sossegou agora? Aguardamos mais festas polêmicas!"


- Meu Deus! Agora eu acredito, MESMO! - Richard comia os muffins e escutava James lendo a reportagem em voz alta na cozinha.
- Aê Becca pegano geral heim pode cre - James não era perfeito. Olha o vocabulário!
- Gente, isso tudo é uma mentira sem tamanho! Eu não sou a namorada do Jones, e nem peguei geral. A gente só tava conversando na festa, só isso!
- Só isso por culpa da máfia, né amiga?
- É Geri, é.
Depois de ficar horas discutindo minhas 5 linhas de fama, que se transformaram em vinte quando abrimos o jornal e encontramos a matéria na íntegra, falando sobre a vida social de Alan Jones, eu me perguntei se ele ainda não tinha sacado que eu sabia que ele era ele na noite anterior. Mas depois me veio aquele ar realístico que me fez pensar que naquele momento ele estaria fazendo tudo e qualquer coisa, menos se preocupando com isso, já que pra ele não fazia diferença nenhuma sair ou não no jornal de domingo. Não preciso dizer que eu quase me senti uma atriz famosa por ser fotografada por um papparazzi e ter aparecido no jornal, mesmo que a foto seja da minha, vamos dizer assim, parte de trás!
Richard ainda ficou algumas horas a mais babando na foto, imaginando se ele não poderia ter aparecido nela, quando deu um grito que quase acordou a senhora Spoon de novo. Sim, ele descobriu que seu braço estava na foto, depois de analisar friamente as circunstâncias de localização do fotógrafo e essas coisas de gente paranóica. Fui dormir deixando ele na sala com a atenção presa no programa do Judy e a foto do jornal."